Projeto incubado no Parque Tecnológico da Bahia foi elaborado para pessoas que gostam de cultivar, mas não têm tempo e espaço.
Com os recursos naturais do planeta em esgotamento, os debates sobre sustentabilidade têm feito parte da vida dos cientistas e da sociedade contemporânea. Com o intuito de trazer ideias tecnológicas e sustentáveis já usadas em grande escala para dentro dos lares, as biólogas Brena Mota e Aldinéia Damião criaram a startup Cultiveae, instalada na Áity Incubadora de Empresas do Parque Tecnológico da Bahia. O primeiro empreendimento das baianas é a Horta Íris, projeto que utiliza a técnica hidropônica, sistema que cultiva plantas na água. A horta, planejada para ser colocada em espaços pequenos, protegidos da luz direta do sol, está na fase final de teste e deve ser comercializada em outubro.
A horta hidropônica é feita de cerâmica, uma matéria-prima orgânica, fabricada por um artesão, com um sistema de irrigação embutido. Usando um temporizador e uma mini bomba d’água, o mecanismo precisa de energia para funcionar, embora o consumo de eletricidade seja baixo. “Se a pessoa adquire uma horta como essa, ela pode ficar sem trocar o sistema por, em média, duas semanas. A depender do tipo de cultivo e exposição, pode chegar até 20 dias sem precisar fazer nenhum tipo de manutenção. Então, o cliente tem um plantio autônomo, que lhe permite viajar e não se preocupar com as plantas”, diz Brena, uma das sócias da empresa.
Para realizar a plantação, a pessoa precisa de uma hortaliça com a raiz limpa, o pH da água equilibrado, segundo os padrões da Embasa, e duas soluções nutritivas para colocar na água, que substituem os nutrientes do solo. Nessa primeira etapa de comercialização, as biólogas irão focar nas hortaliças e plantas folhosas. “Algumas das plantas que trabalhamos são manjericão, hortelã, menta, alecrim, salsa, coentro, couve e alface. Além da horta para os temperos, a pessoa pode ter um cultivo aromático e ornamental, usando vários tipos de flores e ervas”, explicam.
A startup, um modelo de negócio inovador, conta com o suporte da Agência UNEB de Inovação, que gere a Áity Incubadora. As sócias pretendem vender as hortas hidropônicas para pessoas que querem alimentos frescos e saudáveis, mas que não têm espaço em casa e nem tempo para cuidar. As biólogas decidiram seguir com a ideia após uma pesquisa de campo. “Entrevistamos algumas pessoas e mais de 90% desejam ter uma horta, mas só cerca de 7% tiveram sucesso. O que mais as pessoas falaram é que não tinham espaço, tempo e habilidade. Baseado nesses três problemas, aliado ao estilo de vida mais saudável e sustentável, criamos a Horta Íris”, destaca Brenda.
Segundo as profissionais, o maior diferencial da Horta Íris é o tamanho compacto e os materiais usados, enquanto os concorrentes ainda exigem um grande espaço para cultivar. “Temos um valor sustentável muito alto. Estamos falando de um produto de cerâmica e cestas para colocar as raízes, feitas com um filamento biodegradável na impressora 3D. Fazemos assim porque garantimos que o nosso produto tenha uma produção mais limpa”.
O negócio tem como objetivo trazer alternativas sustentáveis e inovadoras para o cotidiano das pessoas. “A Cultiveae tem um propósito de apresentar para a sociedade soluções tecnológicas, que são comuns na ciência e pesquisa, mas que não estão simples na sociedade. Nossa ideia é trazer soluções sustentáveis e inovadoras. Esse é um dos nossos maiores valores. Às vezes, não é inovador para ciência, mas é inovador para pôr em prática na sociedade”, declara Brenda.
As biólogas ainda enfatizaram a importância de estarem instaladas no Tecnocentro, que é vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia (Secti) e gerido pela Associação das Empresas do Parque Tecnológico (Aeptec). “O Parque permite que tenhamos um espaço de trabalho, bem como o networking com a troca de conhecimento com outras startups. Temos ainda a possibilidade de contar com pessoas para poder crescer, tanto no mundo do empreendedorismo, quanto da tecnologia e ciência. Além disso, o Parque traz visibilidade para o projeto”, conclui Brena.
Fonte: SECTI – BA